O outro tirou a rabequinha
dum pobre saco de meia
Um pouco desconfiado
por estar em terra alheia,
e umas moças disseram:
Meu Deus! Que rabeca feia!...

Cego agora eu vou cantar
um mote que mete medo!
Nunca achei um cantador
que desmanchasse este enredo:
é um dedo é um dado é um dia
é um dado é um dia é um dedo...

Zé Pretinho o teu enredo
parece mais zombaria...
Tu hoje cega de raiva
e o diabo é a tua guia:
é um dia é um dado é um dedo
é um dedo é um dado é um dia.

Cego respondeste bem
que só quem tinha estudado
eu também por minha vez,
canto meu verso aprumado:
é um dia é um dado é um dedo
é um dedo é um dia é um dado...

Daqui a pouco, Zé Pretinho,
te faço ganhar o bredo...
Sou forte como um leão,
sou forte como um penedo!
É um dedo é um dado é um dia
é um dado é um dia é um dedo...

Cego agora inventa uma
das tuas belas toadas,
para ver se estas moças
dão alguma gargalhada...
Todo mundo tem se rido,
só elas estão calada...

Zé Pretinho eu não sei mesmo
de você o que será...
Arrependido do jogo
você é que vai ficar.
Quem a Paca cara compra
cara a Paca pagará...

Cego, fiquei apertado
que só um pinto no ovo...
Tenho medo de sofrer
vergonha diante do povo...
Cego a história dessa Paca
faz favor dizer de novo...

Digo uma e digo dez,
no falar eu tenho pompa,
presentemente não acho
a quem meu martelo rompa:
Cara a Paca pagará
quem a Paca cara compra...

Cego teu peito é de aço,
foi bom ferreiro quem fez!
Pensei que o cego não tinha
no peito tal rapidez...
Cego se não for massada
repete a Paca outra vez!

Arre, com tanto pedido
desse preto capivara!
Não tem quem cuspa p'ra cima
que não lhe caia na cara...
Quem a Paca cara compra
pagará a Paca cara...

Cego agora eu já aprendi,
cantarei a Paca já!
Tu p'ra mim é um borrego
no bico dum carcará...
Quem a Paca... capa... paca...
papa... pa... ca... pacará...

Senhores, vocês que enxergam
me façam um pedidozinho:
me dêem notícia da fama
do cantador Zé Pretinho!...
Eu hoje tirei lhe o roço
e o cego canta sozinho...